domingo, 14 de dezembro de 2008

O invejoso - Reinaldo Ribeiro


Penosa cruz é essa que agride os ombros do invejoso;
Ter de atacar seu admirar mais ardoroso, sorrir com o âmago a sangrar;
Fingir um construtivo criticar e não admitir seu pretender mais desejoso;
Dizer até que sente nojo do que a sua incompetência adoraria alcançar!

Inveja é pretensão de ser capaz de ir além do que consegue;
É o ego que concebe o plágio imaginário de suas irrealizações;
Aponta imperfeições, quando o aplauso interior sua vaidade fere;
A única ética que lhe concerne é honrar suas pobres criações!

O êxito alheio lhe fere mortalmente e seus ossos amargurados se quebram;
Pois tudo que seus discursos renegam, em verdade seus anelos mendigam;
Mas nem todos intrigam, posto que por vezes como amigos e fãs se revelam;
E de tal forma sob máscaras se esmeram, que até nossos olhos duvidam!

Não deve ser fácil o ofício infeliz de um invejoso;
Seu pensar tão jocoso não pode evitar seu final solitário;
Não consegue ser páreo e nem mesmo escalar o patamar talentoso;
Pra si mesmo é mentiroso, um refém venenoso de um lodoso mundo imaginário!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O meu amigo - Maria Souza


O meu amigo se fez presente em meu existir,
Para mais tarde me mostrar a grandeza de um sentimento;
Ele se fez filho, para mais tarde me dar lições de vida...
E se fez ausente, para logo me fazer perceber o tamanho do nosso amor...

O meu amigo se fez adulto sendo criança;
E sendo criança me fez ver o mundo mais colorido...
O meu amigo se fez um lutador, para me mostrar a todo instante
o valor de cada gota de suor, de cada batalha, de cada vitória... (Por menor que ela seja!)

O meu amigo que eu tanto me orgulho em amar, me ensinou na distância o valor de um olhar;
E me fez ver que não importa o obstáculo que exista em nosso caminho... Nossas mãos estarão sempre dadas!

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Homenagem especial ao meu amigo Geraldo Lucas Abrantes Coelho, de quem eu sinto imensa saudade...

sábado, 19 de julho de 2008

UM POETA DIFERENTE - REINALDO RIBEIRO

Sei que não é fácil ser poeta que abdica, das envaidecedoras admirações;
Que rejeita o chá aristocrático e burguês, do colegiado dos imortais;
Suster estilo próprio, e ser indiferente aos impostos padrões;
Emprestar a própria letra, para fustigar os opressores e maiorais!


Não me seduz a pompa dos confetes, nem a ovação das cênicas odisséias;
Eu decidi que a minha poesia, não se ouvirá pelos coretos exibicionistas;
Porque não me orgulharia, vê-la reduzida à audiência das telenovelas;
Simplesmente porque não sou poeta de produção mercantilista!


É evidente que sou extremamente grato a todas as pétalas nos meus encalços;
Mas eu prefiro a platéia que se forma no isolamento de minhas próprias inquietudes;
É sob a sombra de minha solidão, que recebo meus preferíveis aplausos;
Não tenho alma de insetos, que tudo fazem pra viver em torno das luzes!


Eu sou poeta nascido num chão desprezado, e não me negarei;
Assentado ao solo ressequido, declamando a exclusão que desde cedo conheci;
Se a fama me achar ou se me abraçar o anonimato, o fato é que às elites nunca servirei;
Já sou afortunado, tendo achado quem gostasse, dessas simplicidades que já escrevi!!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Soneto de fidelidade - Vinícius de Moraes

De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Aprendi que se aprende errando... Alceu penha

Aprendi que se aprende errando.
Que crescer não significa fazer aniversário.
Que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem.
Que trabalhar não significa só ganhar dinheiro.
Que amigos a gente conquista mostrando o que somos.
Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim.
Que a maldade se esconde atrás de uma bela face.
Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela.
Que quando penso saber de tudo, ainda não aprendi nada.
Que a natureza é a coisa mais bela na vida.
Que amar significa se dar por inteiro.

SER... Sergio Valencia - O guardião

Foi ao relento que eu me deleitei
Suei todo o suor daquele dia
E foi na fantasia, que chorei
Chorei, porque não mais sorria

Olhando o luar, premeditei
Que a morte inevitável, estava ali
Mil corpos e em mil fadas...Eu pensei
Fadas, não sei, mas sei que os corpos...Vi

Deitei em meu silêncio e fui sonhar
Sonhei que era menino, e senti paz
E de repente, algo a me espreitar
Talvez aquela morte...Penso que jaz

E agora, o que me importa o mundo?
E o que dizer do meu destino audaz?
Recordações, e um sono tão profundo
Ou simplesmente Ser...Ou Ser, jamais

domingo, 29 de junho de 2008

Sou - Claudete Silveira

Sou loucura
Sou ternura
Sensação!

Sou laço
Sou abraço
Emoção!

Sou confiança
Sou esperança
Paixão!

Sou anseios
Sou devaneios
Solidão!

Sou carícia
Sou malícia
Sedução!

Sou complexa
Sou perplexa
Coração!

Sou faceira
Sou matreira
União!

Sou assim
Sou fim
Ilusão!

Mulher Abstrata - Angela Bretas

Sou quem sou, simplesmente mulher, não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo, avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo, sem dor, com calor, aconchego,
Supro carências, rego desejos, desabrocho em risos...

Matéria cobiçada... na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura. Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa, repleta, latente.
Meretriz sem pudor,mulher no ponto, uva madura!

Sou quadro abstrato, me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente, sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente, vivendo o momento, sorvendo as horas.

Sou pétala recolhida, sem forma, sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades. Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel. Vivo a vida em reticências...

sábado, 28 de junho de 2008

Amar! - Florbela Espanca

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e aquele, o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar

quarta-feira, 18 de junho de 2008

POETAR, SINÔNIMO DE LIBERDADE - ELEN VIANA


O que fizeram do poeta neste mundo globalizado ?
O poeta foi rotulado e designado a seguir
coerências e reticências impostas pela sociedade
que se diz,ser sinônimo de liberdade!

Temos liberdade no escrever e viver ?
Não !
Nossa liberdade fora robotizada
e inutilmente industrializada !

Querem nos obrigar a seguir um prospecto.
E se tomamos outro rumo certamente
saímos do prumo, e somos acusados
de transgressores e inovadores.

Mas o que é inovar ?
Não é criar ?
Então não somos transgressores.
Mas ilustres inventores.

O poeta tem alma, tem vida!
Embora muito sofrida.
Pelo estigma do passado, pelo vazio do presente
e saber que o futuro pode ser inexistente.

Com tudo isso Poeta que se presa vive!
Não se deixa limitar pois é livre!
Livre para amar, para poetar,
e gritar a este mundo tão imundo!

Ainda que seja colocado em cativeiro
Não há dinheiro que pague
A liberdade de expressão e emoção
Em ver seu poema conquistando nova geração.




Elen Viana
Publicado no Recanto das Letras em 05/05/2008
Código do texto: T976019

terça-feira, 17 de junho de 2008

O amor é nosso refém - Reinaldo Ribeiro


O amor vagava sobre os pavimentos do infinito;
Tentava achar morada, nesses dias em que lhe dão inexpressivo valor;
E quando viu em nosso olhar, o brilho rendido ao deslumbre mais bonito;
Ele nos viu enamorados, e de nós dois também se enamorou!

A nós se misturou, adquirindo essência e natureza do que somos;
Ora os passos nos ditou, noutras foi ele quem se fez refém;
Nos inspirou todas as cenas da fascinante paixão, que compomos;
Foi combustível para chegarmos até aqui, e será para irmos além!

O amor achou morada em nós, e adormeceu em nossos beijos;
Porque assim sonhou, com tudo que faria acontecer em nossa realidade;
Ele consolidou nossos paladares, e os alimentou de amplos desejos;
Fez nossos braços de muros, e nossos abraços de grades!

Amores são fáceis sentenças, proferidas em meio ao vento;
Mas aqui ele se fez intenso, e apresentou a face de sua solidez;
Depois que nos achou, ganhou morada o amor, e abandonou o relento;
Ninguém já viu e nem verá, o grande amor que a gente fez!!



Reinaldo Ribeiro
Publicado no Recanto das Letras em 17/06/2008
Código do texto: T1038176


Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Mundo de mundos - Meu poeta, "Reinado Ribeiro".

Vivemos num mundo repleto de outros mundos;
Onde as partes de um simples segundo, são eternas e múltiplas faces;
Mundo de contrastes humanos profundos;
Oriundos de suas revelações e disfarces!

Nesse mundo tem gente que não respeita a própria vida;
Gente desprovida, graças à ostentação de gente burguesa;
Plebeus com ego e alteza, gente digna de ojeriza;
Tristeza que não cicatriza, por culpa de gente sem nobreza!

Tem gente que em troca de trocados, vida de gente abrevia;
Gente que promete mundos de fantasia, e não honra a palavra;
Gente que trava o caminho do próximo, porque lhe beneficia;
Gente de caráter vazia, e ambição que claramente se flagra!

Nesse mundo moderno, gente primitiva usa laptop e veste terno;
É um mundo-inferno, com carência de céu urgente;
Mundo que tem gente cujo coração, é rigoroso inverno;
Digo e não erro: tem até gente que nem é gente!!


Reinaldo Ribeiro
Publicado no Recanto das Letras em 16/06/2008
Código do texto: T1036915


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domingo, 15 de junho de 2008

Soneto para os olhos de Ivy...


Ela é linda, muito linda
Tem doce sorriso
E olhar mais belo ainda;
É o típico "olhar-paraíso"!

Ela é como um pássaro livre
Mas sem querer voar
Por que já está em um mundo lindo
Onde todos a sabem amar!

Tem tudo de lindo que a um homem possa encantar
Mas o que nela é impossível resistir
É o brilho do seu olhar!

Os olhos de Ivy são como o mar:
De belezas indescritíveis
Feitos somente pra se amar!



(Homenagem antecipada a minha doce e linda amiga, Ivy Oliveira, pelo seu aniversário que será no dia 28/06, a quem desejo no mínimo, a felicidade eterna!)

Um soneto para Elen...


Tu és mulher menina
Tens um olhar tão lindo
Um jeito tão fascinante
E fica tão bem sorrindo

Tens um brilho intenso
E um poetar radiante
E nesse mundo imenso
Não fique de mim distante

És rosa tão perfumada
De beleza assim nunca vista
E veio ao mundo pra ser amada

A ti, Flor encantada
Desejo sincero amor
Em noites enluaradas



(Soneto em homenagem a poetisa Elen Viana, que me dedica especial carinho e por quem sou eternamente grata.)

sábado, 14 de junho de 2008

Impagável amor - Reinaldo Ribeiro

Quanto vale a beleza desse sorriso?
E a visão desse perfeito desenho sobre a cama, lindamente adormecido?
Quanto vale a sorte de amar essas formas, que tenho por paraíso?
E a bem-aventurança de ser o que sem ti jamais teria sido?

Quanto vale esse fim de tarde, contigo de mãos dadas?
E o jantar a dois, que parece finalizar o mundo em nossos olhares?
Qual o preço justo a ser dado, por todas as nossas vitórias conquistadas?
E a percepção de que tudo em nós, tal como nós, estão em pares?

O frio que matamos em nossos abraços, quanto valeria?
Qual o preço das brigas, que deram solidez ao nosso amor?
Todas as lágrimas que enxugamos um do outro, quanto custaria?
Onde estaríamos nós agora, sem o destino que a paixão nos legou?

Eternos não são os raios infinitos de um sonho, mas um sonho a brilhar além do sol;
São momentos aparentemente minúsculos, de um universo vivido a dois;
Nada pagaria, amor meu, esse teu olhar que me é farol;
Os nossos antes são inesquecíveis e mágicos serão nossos depois!



(Postagem autorizada pelo autor)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O beijo - Lu Genovez


Um beijo
Um beijo longo
Um beijo molhado
Um beijo que revire
Cada canto de nossas bocas
E adormeça nossos lábios...

Um beijo que arrepie
Que transporte para outros lugares
Ou nos deixe ali mesmos
Envoltos em sonho
Envoltos em luz...

Eu preciso desse beijo
Para me libertar
Eu preciso desse beijo
Para poder te amar...

E tu foges, foges, foges
E eu não entendo
E por não entender
Um dia qualquer, eu vou desistir!!

Amar - Florbela Espanca


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e aquele, o outro e a toda gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que eu saiba me perder... pra me encontrar...

O meu poeta ( Ao poeta Reinaldo Ribeiro)




O meu poeta dispensa apresentações
Porque sua verdadeira face mostra-se
Em cada uma de suas composições;
O meu poeta inebria a todos com os seus versos
Porque do verdadeiro amor faz-se o seu poetar!

O meu poeta não aprendeu a amar, não descobriu o amor
Porque o meu poeta já nasceu enamorado;
O meu poeta inconscientemente desafia aos demais
Ao expor de forma nítida as suas fragilidades
E assim se faz forte, a ponto de jamais ser vencido em sabedoria!

O meu poeta é digno dos melhores aplausos
E não apenas pela data de hoje, mas também
Pelo seu expressionismo contagiante
Que a todos faz levitar!

O meu poeta é único em sua poesia
De forma a conquistar a todos desde
A primeira leitura a seus fascinantes escritos;
Porque o meu poeta é amigo do Sol e íntimo da Lua
E veio ao mundo somente para
Nos presentear com a sua existência!



FELIZ ANIVERSÁRIO, MEU POETA!

Maria Souza
06.06.2008

O verdadeiro encontro - Maria Souza & Aurelio de Sousa




ELA

Ela tinha sonhos que acreditava serem utopia;
Tinha desejos que pensava jamais realizá-los.
Ela jurava amor por alguém que nunca se quer notou sua existência;
Mas um homem a amava de forma incondicional...

Ela o fez partir, por acreditar fazê-lo sofrer;
E na ausência, ela chorou...
Seu canto era triste, porque nenhum sorriso
Ela via em seu amanhecer;
Decidiu fechar-se para a vida...

ELE

E ele caminhava sem rumo, porque na verdade, nem queria partir;
Carregava consigo, a dor pela impotência
De não ter sido correspondido no amor;
Mas não a culpava de nada, afinal, a sua musa
Sempre lhe fora autêntica ao falar de seus sentimentos,
Pois era claro que não desejava iludí-lo...

ELA

Mas com o passar dos anos e a convivência terna
O amor surgia nas entrelinhas;
E ela que muito se culpava por nutrir sentimentos por outro,
Não notava as verdadeiras razões de seu existir...

ELE

E ele que a amava cegamente, sentia-se feliz
Apenas em poder tocá-la;
E nem percebera que, de fato, a possuía...

ELES

Mas na separação, eles se viram perdidos,
Pois um sem o outro tornava-se metade.
A luz do sol já não tinha brilho algum
E as noites de céu estrelado já não o faziam sonhar...

ELE

E ele se fez insensato ao entregar-se a amores promíscuos,
Na esperança vã de poder esquecê-la...

ELA

E ela arrependida pelo adeus precipitado,
Desejava a todo instante o fim de sua dor...
Resolveu então, expor seus verdadeiros sentimentos a ele;
E decidida, saiu 'a sua procura, não importando-se
Por encontrá-lo em outra companhia.
Olhou-o nos olhos, como que chamando
E o fez entender tudo que nunca o dissera antes...

ELE

E ele, feliz,
A seguia de volta pra casa....

ELES

E naquela noite amaram-se
Como jamais haviam amado antes;
E a paixão se fez presente
Em cada toque, em cada olhar...

ELA

E a noite se fez pquena para tanto amor;
E ambos brindavam o romper d'aurora
Com o apogeu de suas intimidades...

ELE

Suas almas casavam-se naquele instante;
E seus corpos gozavam o prazer do verdadeiro encontro!

ELES

E de seus dicionários,
Eles riscavam a palavra adeus...

MARIA - ELIANE APARECIDA COSTA SILVA



MARIA DE TODO DIA
MARIA LAVA, PASSA E COZINHA
MARIA TÃO SOFRIDA
MARIA TÃO SOZINHA
TÃO CARENTE DE CARINHO
JÁ PERDIDA NA IDADE
ESQUECIDA DE VIVER
VIVE DA SAUDADE DO TEMPO QUE
FOI FELIZ NA MOCIDADE
MARIA NÃO TEVE FILHOS,
MAS UM DIA AMOU DE VERDADE,
AMOU TANTO, QUE MESMO SENDO ABANDONADA
NÃO ABANDONOU A SAUDADE.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

As rosas não falam - Cartola


Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão enfim

Volto ao jardim
Na certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam

O perfume que roubam de ti

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhava meus sonhos
Por fim.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Assim sou eu - "Meu poeta" Reinaldo Ribeiro


Eu sou ambicioso, a ponto de sonhar com as riquezas da humildade;
Sou forte, a ponto de tirar lições das minhas limitações;
Sou o maior dos valentes, posto que não nego possuir fragilidades;
Sou a própria racionalidade, por não negar ser reflexo das emoções!
Eu sou tamanhamente homem, que chego até ao ponto de chorar;
Sou corajoso, e essa é a razão de confessar meus medos;
Eu sou vitorioso, por isso aprendo a cada fracassar;
Sou perseguidor do correto, por não fechar meus olhos aos meus erros!
Eu sou de aço, a ponto de conseguir me emocionar;
Eu sou pacífico, a ponto de não temer contradizer;
Sou tão complecente, que até consigo me indignar;
Tão adulto, que decidi não deixar minha criança morrer!
Eu sou guerreiro, a ponto de conseguir viver sem inimigos;
Eu sou tão ético, que até mesmo quebro regras;
Sou tão atento, que chego a ensurdecer perante meus desavisos;
Tão paciente, que sempre estou ausente em minhas esperas!
Eu sou tudo isso, exceto a própria descrição que fiz;
Eu sou meu oposto, a ponto de vestir o meu avesso;
Eu sou meu bem querer, porque me revelo no que não quis;
Eu sou o que sou, porque só consigo ser o que mereço!



(Protegido por direitos autorais - Não utilize sem a devida permissão do autor.
Site do autor: http://recantodasletras.uol.com.br/autores/reinaldojgr

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Xote ecológico - Luiz Gonzaga


Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra tá morrendo, não dá mais pra plantar
Se planta não nasce se nasce não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar
Cadê a flor que estava ali?
Poluição comeu.
E o peixe que é do mar?
Poluição comeu
E o verde onde que está ?
Poluição comeu
Nem o Chico Mendes sobreviveu

Não faz mais isso comigo - Bruno e Marrone


Não faz mais isso comigo
Não faz mais já perdoei demais
Não faz meu coração de bobo
Já nem sei se devo relevar
Não sei se posso me arriscar
Cansei de por a mão no fogo
O que já passei
O que já chorei
Você não sabe 1 por cento da dor
E da saudade que você deixou
Sai da minha vida pelo amor de Deus
Para de zombar dos sentimentos meus
Diga de uma vez o último adeus
Sai do meu caminho que eu quero viver
Para de voltar pra me enlouquecer
Antes que eu perca de vez a cabeça
E me entregue a você

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mais uma vez - Renato Russo


Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem

Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança

Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem

Nunca deixe que lhe digam
Que não vale a pena Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança(9x)

domingo, 25 de maio de 2008

Irmão da lua, amigo das estrelas - Zezé di Camargo


Cansei de me perder no caminho dessa madrugada
Ser irmão da lua chorar na calçada
Amigo das estrelas buscando carinho

Também preciso ser feliz e tem que ser agora
Se não a vida passa no romper da aurora
E num piscar de olhos a gente está sozinho

Coração tá cansado
Ferido, abandonado, ta pedindo amor
Querendo sonhar
Um afeto, um carinho
Uma noite pra matar a saudade
Milhões de beijos pra te dar

E quando você chegar vai chover amor
Feito terra e mar, mel e beija flor
Feito rima e verso peixe e pescador
E quando você chegar muda até o tempo
Tempestade vira calmaria e vento
Só vai dar você no meu pensamento

Na madrugada
Um jantar a luz de velas depois do amor
Fala por nós
Chove lá fora
Aqui dentro o sol brilha demais
Em nossos lençóis...

sábado, 24 de maio de 2008

EU SUGIRO... EU - Meu poeta REINALDO RIBEIRO


Quando teus ossos se debaterem e te abaterem os dissabores;
E fores lançada em direção ao fosso das inglórias sem fim;
Digas sim ao aceno de um coração, que te é mais sincero que os anteriores;
E encontres o maior de todos os amores, a te esperar em mim!

Quando tua sede se mostrar maior que todos os rios, que te são oferecidos;
E todos os culpidos não tiverem competência, para flexar quem te mereça;
Antes que aconteça a desistência do teu sorrir, atenta aos meus pedidos;
Pois todos os meus impérios reunidos, querem que a ti eu os ofereça!

Quando se perderem teus passos, nos vales da vã esperança;
Volta a ser criança, em meio ao cerco de meus braços protetores;
Para que as flores que te dou, anunciem o renovar de tua auto-confiança;
Onde tu és meu arco-íris, e eu as tuas cores!

Quando minguarem tuas reservas e findarem os repertórios;
E se fizerem notórios, os fracassos de tudo que teu íntimo creu;
Te dou o peito meu, e todos os meus amparos por acessórios;
E quando teus olhos almejarem um grande amor, eu te sugiro...eu!!




(A cópia desta obra necessita de autorização do autor)

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Último sofrimento ? - Henrique Pereira


E lá está ele,
cabisbaixo, perdido em pensamentos...
Recordando uma fase distante,
esquecido
jogado
no cantinho da casa,
no cantinho do mundo...
Mas lembrado
quando recebe a mísera aposentadoria
e reclamado por tudo...


Quando não é mantido
em uma submissão chamada:
Asilo
Retiro de Idosos
Casa da Terceira Idade
Casa de Repouso
Lar dos Velhinhos
e sei lá mais o quê...



Somente lhe resta
aproveitar ( quando é possível )
brincar com os netinhos
jogar cartas, gamão, ( quando deixam )
E isso é ser velho ?. . .
Isso é ser idoso ?. . .
Isso é ser ancião ?. . .
Isso é pertencer a Terceira Idade ?. . .



E lá está ele,
cabisbaixo, perdido em pensamentos
recordando um mundo distante. . .
Esquecido
jogado
desprezadeo
no cantinho da casa,
desprezado
no cantinho do mundo. . .



Depois de morto
( Será possível que não ? )
vai ser Santo . . .

*************

Amigo pra toda hora - Maria Souza




Entre erros e acertos
Fui seguindo a vida,
Como de fato, eu bem mereço!

Passei por sonhos e pesadelos;
Alegrias e desilusões.
E em toda a minha caminhada,
Só um amigo me acompanhava!

Ele estava sempre comigo;
Seja em tardes de sol
Ou em noite enluarada!

Passamos por muitos caminhos
Sem fixar qualquer morada;
Encontramos amores e desamores;
Cantamos o encontro e saudade!

Passamos por algumas dores,
Mas juramos amor pela eternidade!

Esse meu amigo jamais me abandonara
E por ele tenho eterna gratidão;
Ele é meu companheiro, que eu chamo
Carinhosamente, de "meu velho violão"...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Se puder, sem medo - Oswaldo Montenegro




Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava.

Você existe - Reinaldo Ribeiro

Você que me foge, fazendo-se presente;
Você que me açoita, tão docilmente;
Você que se reserva, solenemente;
Você que faz amor, mesmo ausente;
Voce que me sufoca, deixando-me livremente;
Você que não me toca, e me sente;
Você que me convoca, silenciosamente;
Você que me revoluciona, pacificamente;
Você que me seduz, tão timidamente;
Você despudorada, tão moralmente;
Você transgressora, tão inocente;
Você que enfeitiça, tão encantadoramente;
Você tentadora, mesmo despretenciosamente;
Você conquistadora, mesmo fragilmente;
Você calejada, mesmo infantilmente;
Você vilipendiada, sempre injustamente;
Você desenhada, tão perfeitamente;
Você por mim amada, eternamente;
Voce nos meus versos, diariamente;
Você que não avisto, existe verdadeiramente!!

Se... - Djavan




Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber? Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz só que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...

Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não.

A cúmplice - Fabio Junior


Eu quero uma mulher que seja diferente
De todas que eu ja tive, todas tão iguais
Que seja minha amiga amante e confidente
A cúmplice de tudo que eu fizer a mais
No corpo tem o sol no coração uma lua
A pele cor de sonho, as formas de maças a fina transparencia uma elegancia nua o magico fascínio o cheiro das manhãs


Eu quero uma mulher de coloridos modos
que morda os labios sempre que for me abraçar
no seu falar provoque o silenciar de todos e o seu silencio obrigue a me fazer sonhar que saiba receber e saiba ser bem vinda e possa dar jeitinho em tudo que fizer e que ao sorrir provoque uma covinha linda
De dia uma menina a noite uma mulher


Eu quero uma mulher de coloridos modos
que morda os labios sempre que for me abraçar
No seu falar provoque o silenciar de todos e o seu silencio obrigue a me fazer sonhar Que saiba receber e saiba ser bem vinda e possa dar jeitinho em tudo que fizer
E que ao sorrir provoque uma covinha linda
De dia uma menina a noite uma mulher

Menina Mulher

Eu choro - Fabio Junior


Tem horas que bate
Uma tristeza tão grande
Que eu não sei o que fazer
E nem pra onde ir
É tanta coisa
Que eu queria dizer
Mas não tem ninguém pra ouvir
Então choro sem ninguém ver
Eu choro


Faço o possível pra segurar a cabeça
Mas a emoção não quer
Que eu me desfaça
Ou então que eu esqueça
Do amor daquela mulher
E eu choro
Sem ela saber
Eu choro

Choro por tudo
Que a gente não teve
Por tudo que a gente não realizou
Choro porque eu sei que ainda te amo
E você me amou e ama
Choro por tudo
Se assim for preciso
Choro porque eu sei que ainda te quero
Choro por tudo

E por tudo lhe digo
Te espero, te quero
Te espero, te quero
Te amo!...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Quando se ama um poeta - Reinaldo Ribeiro


Se tem em mãos a sensação tangível, do realismo virtual;
Igual ao doce sabor que alimenta, sem o toque do fruto;
É um brinde de emoções reais, em taça surreal;
É o filho da corajem, gestado na lucidez de um surto!

É posse benfazeja, que abrilhanta a auto-estima;
É agraciar o próprio ouvir, com mavioso acalanto;
O suplantar de um mero toque, pelo assédio da mais linda rima;
O soerguer do "eu menina", pela candura de um decanto!

As formosas madrugadas, se tornam em verdes estradas;
Onde se dão os reencontros, de gêmeas almas platônicas;
Ainda que antagônicas, mas nos sonhares igualadas;
Ainda que ludicamente centradas, por demais atônitas!

Não se compara o amor-poeta, com as ofertas da esquina;
É luta de esgrimas, em que se fere o peito com uma flor;
É dor que não pede cura, cuja receita a própria paixão assina;
É linha que reúne dois gélidos adeus, na simetria de um calor!

Diz a razão que há de sofrer, o coração que por ele se perder;
Como a vazão que do horizonte, se despede em meio ao mar;
Talvez relembre um ferido pássaro, com suas asas a recolher;
Mas também é, até sem asas, acabar conseguindo voar!!!
Reinaldo Ribeiro

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Fazer o quê se eu sou assim?



Sou libriana, brasileira e forrozeira;
Tenho ares libidinosos e uma literatura
Que foge 'as regras da arte industrializada!

Prezo muito a liberdade,
Mas tenho as minhas reservas
Que alguns entendem como preconceito!

Gosto de política, tanto quanto eu gosto de meu país;
'As vezes tenho pensamentos exorbitantes
E fantasio felicidade por todos os lares!

Alguns me julgam fada,
Outros dizem que sou dragão;
A todos dou o meu carinho
E guardo-os no coração!

Grito de Revolta - Policarpo Nóbrega


Mas também passo
Pelas ruas
E vejo gente
Gente
Que apesar de gente
Não é tratada
Como gente

Vivendo como os cães
Como os cães não
Como alguns cães
Abandonados
E escorraçados
Por toda a gente

Como náufragos
De um deserto gelatinoso
Que lhes tolhe
Os movimentos
E atolados na miséria
Comendo as réstias
Dos sujos e conspurcados
Caixotes de lixo
Pedindo e roubando
Dormindo na rua
Ao frio
À chuva e ao vento
Caminham sem destino
Até que a morte os leve

E vejo os drogados
Bêbados e prostitutas
E a porta de acesso
A todas estas desgraças
A porta dos moribundos
Dos desempregados
Das crianças desamparadas
Dos jovens incompreendidos
Das mulheres violentadas
Dos homens
Em guerras envolvidos
Dos velhos abandonados

Podes odiar essa porta
Podes ignorar essa porta
Podes virar-lhe as costas
Mas livre dela
Não estás com certeza
Pois só há uma forma
De por ela
Não seres engolido

É enfrentando-a
Tomando-a
Como realidade
E dedicando
Algum tempo
Para que um dia
Essa porta
Não tenha
Mais razão de existir

Daí este grito
Que é um grito de revolta
Um grito de desespero
Que espero
Não caia no vácuo
E que se transforme
Num grito de alerta
E num contributo
Para que se acabe

Com a exclusão social
Com os guetos
A miséria
E a fome no mundo

domingo, 18 de maio de 2008

Provações - Auro


Saí feito louco, naquela ventania,
Gritava desesperadamente,
Maria... volte, Maria !
Já não sabia se minha paixão era mania...
Vício invencível, coisa de demente.

Tomava meu cérebro por inteiro,
Não ligava para mais nada,
Trabalho, lazer ou dinheiro,
Apelei para uma bruxa,um feiticeiro.

Não consegui solução,
Somente promessas vazias,
E o pobre coração...
Cada vez mais sofria.

Todos me viam daquele jeito,
Consternados, tinham respeito,
Mas julgavam que fosse realmente louco,
Não me importava com opiniões, tampouco,

Fiquei alheio a tudo que me cercava,
Idéia fixa de recuperar meu amor,
Quanto mais passava o tempo, mais amava,
Ouvi um conselho de um velho senhor :

- Meu filho, nosso destino, rascunhamos,
A arte-final quem faz é o Senhor,
Às vezes, de provações duvidamos,
Não lhes damos o devido valor.

Ame o Pai Nosso, seja paciente,
Ore fervorosamente,
Com muita fé, perseverança,
Um dia virá a bonança.

Essa turbulência é passageira,
Ela voltará, pura e inteira,
Concentre-se na volta esperada
Mas faça sua parte, busque sua amada.

Esteja ela onde estiver,
Vá ao seu encontro, não desista,
Só tem o amor de uma mulher,
Quem realmente conquista.

E, ouvindo o bom conselho,
Mirei-me no espelho,
Dizendo a mim mesmo :
- De agora em diante vou mudar,
Não agirei mais a esmo,
Ponho a cabeça no lugar.

Ao seu encontro, parti,
Com Jesus no coração,
Corajoso lhe pedi
Que me desse o coração.

Por milagre do Senhor,
Além de concordar,
Beijou-me com muito amor,
Após me abraçar.

Pediu a mim perdão,
Confessou arrependimento,
Por pequena discussão,
Feriu nosso sentimento.

Nessa vida de aflições,
Alegria e sofrimento,
Tudo tem o seu momento,
E existem provações.

Deus quer apenas saber,
Se você crê Nele realmente,
Então saiba plantar a semente
E esperar para colher...

Um grande país pequeno - Robertson


Um Grande País pequeno
Maldito País, dos malditos cafajestes
Dos imbecis corruptos que levam o seu para o bolso
E os Seus para o Inferno
Dos Aloprados que escrevem o que querem
E dos Leprosos que lêem e espalham
País que idolatra as Castas vazias
Das Mentes impuras e peçonhentas
País de um Povo Puro que se lambuza
Na volúpia das Mentiras noveladas
Que deixam morrer as Folhas das Figueiras
E pisam na barriga das Grávidas
Lamentando o choro das Crianças Mortas.

País que se protege do Mundo lá fora
Pisoteando a Terra, Poluindo o Céu e o Mar.
Que eleva sua Cultura às Alturas
Mas do Chão não se vê, o que se Afunda na Cova
Dos grandes que noticiam, manipulam, estremecem e Contagiam
Da Dengue à Morte Infantil
Do Índio Inocente e interesseiro à soja e, do Branco o arroz,
Do Povo que grita e geme e, que chora a Miséria
Mas Aplaude o Discurso, as Palavras vazias, sem nada alguém Realizar
País inescrupuloso Doador, que cede partes de seu Pulmão
Ao Mundo dia a dia, até o dia em que Agonizar e Nauseabundo,
Pedir ao Mundo por clemência, pelo amor de Deus, um pouco de Ar...

Do Leito esplêndido Transformamos as cores deste Brasil varonil
Do Azul infinito ao Cinza das Lápides entre tijolos de 4 furos
País das Poesias, das Crônicas, dos Versos, das frases de Efeito
Do Teatro falado e televisado, das Músicas Angelicais e Bestiais
Aqui sobra o Amor, o Tesão, o Carinho e a Afeição,
Aqui reina a Democracia onde somos Livres para Chorar
Mas não conseguimos Amar sem Odiar
A Identidade de um País é seus Filhos
Se crescidos na Ignorância, dela Sobreviverão
Se crescidos na Falsidade e na Corrupção
Venderão suas Entranhas ao preço de um tostão
E viverão Mendigando um pedaço de pão.

Um País deve pensar pelos Filhos do Mundo, enquanto Filhos forem
Não Importa o Tempo que seja o Hoje, o Amanhã ou o Depois...



Publicado no Recanto das Letras em 17/05/2008
Código do texto: T993856

Caminhos - Maria Souza (euzinha!)




Percorri mundos interiores
E encontrei infinitos amores
Guardados em meu ser...

Percorri mares de lágrimas
E findei a minha caminhada
Com o mesmo sorriso que eu levava
Guardado na "mochila de sobrevivência"!

Invadi sonhos e colhi alguns pesadelos
Descartando-os nas esquinas da vida!

E no vazio que ficou, segui em busca de novas motivações
E não inesperadamente eu me encontrei
Ao te ver seguir meus passos pela longa caminhada que eu dei
Por que o teu amor me supriu de todas as necessidades passadas!

E na incerteza do regresso,
Ou da caminhada infinita
Eu me refugiei em teu carinho.
E nele, encontrei a paz que eu necessitava!

E hoje tenho sonhos realizados;
Desejos saciados;
Sorrisos e lágrimas de pura felicidade
E muitos outros caminhos a serem percorridos!

É proibido pensar - Reinaldo Ribeiro


Pensar é coisa feia demais, é produto antipático;
É obstáculo ao mito e ao ídolo, é míssil dirigido ao consumismo;
É coisa ultrapassada, é fragmento pré-socrático;
Pensar tá menos pra shoping e tá mais pra confucionismo!

Pensar não deve ser bom negócio, é combustão na lareira;
É repugnância ao ato passivo, é protesto nas ruas;
É inglorioso, no presente dá demissão e no passado deu fogueira;
Pensar é ultrassonografar um cérebro vazio de uma alma nua!

Pensar é pedir a feiura em casamento, é ler uma página branca;
É desligar a TV no horário nobre, é fazer dieta de futilidades;
É desvendar o mistério da suposta clareza, é pesar neurônios na balança;
Pensar é traduzir nas letras do pseudo-sagrado, suas profanas fraudes!

Pensar é comprar briga com a moda, é ser ET;
É ativar a mente e deletar a web, é fazer retiro no carnaval;
É declarar-se louco, pois contempla tudo que a maioria não vê;
Pensar é investigar um proclamado bem, e advogar um divulgado mal!

Pensar é vestir a camisa de força, em nome da lucidez;
É levar à boca a comida entregue pelas mãos do mesmo corpo;
É pedir um livro no aniversário, é ensinar Tio Sam a falar português;
Pensar é ter vergonha da sensatez, e nutrir orgulho por ser louco!

Pensar é contrariar a maioria, aquela que manda e que compra;
É falir o superrmercado, que enche suas prateleiras com vãs ilusões;
É rasgar o calendário, e seus feriados consumistas de ponta a ponta;
Pensar é o crime que toda forma de ditadura, quer ver nas prisões!


Reinaldo Ribeiro
Publicado no Recanto das Letras em 06/03/2008
Código do texto: T889922


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sábado, 17 de maio de 2008

MARIA DOS MEUS APLAUSOS - Essa, o meu poeta Reinaldo Ribeiro fez para mim - ehehehehehehe !!!!!



Eu me vi feliz, ante a constatação de teu existir;
Pois teus gentis favores de afeição, sempre foram maiores que meu merecer;
Só não poderiam vencer, a beleza sedutora desse teu sorrir;
Tampouco descreveria minha limitada pena, todos os predicativos de teu ser!

Fundamental me é saber, que me abençoas nesse teu sincero carinho;
Que não me acho sozinho, na luta que travo contra inúmeros leviatãs;
É que o doce das maçãs, dividem-se com teus evidentes fascínios;
E te avistando em meus poéticos domínios, noites se tornam manhãs!

Uma diva de raça nobre, pele colorida pela cor marcante de meu país;
Dos pés aos altos do nariz, uma alma nobre, onde a natureza se realiza;
Tu és monalisa sob os pincéis de Deus, que Ele me deu, pra me fazer feliz;
Uma imperatriz no reino dos encantos, competente e linda poetisa!

Maria destacada dentre tantas, que sabe honrar a nobreza de seu nome;
O mundo mal não te consome, porque te deve a luz e te retém a alegria;
Estas e outras tantas letras eu te daria, pois me sinto lisonjeado como homem;
Não pelas honras de supostos aplausos, mas pelo privilégio de conhecer-te: Maria!!

________________________________________________________

A voce, Maria Souza, grande amiga, que me tributa especial carinho e cujo espaço aqui no Recanto eu recomendo. Beijos sinceros.
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=36975
Reinaldo Ribeiro
Publicado no Recanto das Letras em 17/05/2008
Código do texto: T993525

O meu amor não me perdoa - Reinaldo Ribeiro

Grandemente me arrependo, de toda incometida transgressão;
Dos exageros que cometi, quando fui tão comedido;
Do quanto fui cego, suprimindo-me da alucinação;
Por indesejar, meu anelo mais querido!

É imperdoável o meu pecado sem ato;
É revoltante relembrar a pronúncia, da palavra jamais dita;
Os imprescindíveis acontecimentos, que nunca foram fato;
Cada letra transformadora de meu mundo, nunca escrita!

O melhor beijo que já tive, foi precisamente aquele que não te roubei;
Tempos melhores que aqueles em que não te achei, jamais haverão;
A mais vitoriosa das pelejas, foi onde te perdi e nem lutei;
O único toque sem o qual não vivo, é tua jamais sentida sensação!

Dei-me ao pior dos desacertos, precisamente quando nada fiz;
Errei por te desconhecer, quando já brilhavas n'algum lugar;
Preferiria a ferida aberta, a ter de conviver com essa cicatriz;
Por não poder te dar a mim, o meu amor nunca me perdoará!!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Êta Vida! - Auro

Você lembra, minha querida,
( Pergunto, por perguntar,
Pois não lembra da comida
Que comemos no jantar ).

Daquele tempo de moços...
Que a vida era um colosso ?
Eu, de cabelos dourados,
Topete bem engomado,

Barriga reta e dura,
Olhos azuis, cor do mar,
Tinha alta estatura
E belo brilho no olhar...

Você então, uma uva,
Cabelos negros como breu,
Corpo perfeito em curvas,
Que olhos lindos, os seus !

Pele era aveludada,
Requebrado inebriante,
Quando a via pelada,
Que coisa mais excitante !

Agora, minha véia Cida,
Quase no fim da vida,
Como tudo é diferente...
O que ocorreu com a gente :

Aqueles meus cabelos,
Sinto vontade de tê-los,
Mas não os tenho mais,
E topete... nunca, jamais !

A barriguinha que eu tinha,
Você achava uma gracinha,
Hoje, melancolia...
Parece uma melancia !

Os olhos azuis, minha gata,
( Chamo assim para agradar )
Hoje sofrem catarata
Que me impede de enxergar.

Quanto à alta estatura,
Agora tá tudo encolhendo,
E aquela coisa outrora dura,
Sinto que está morrendo...

E o brilho no olhar,
Este eu posso conservar,
Com as lentes de alto grau,
Mesmo assim, enxergo mal.

Você que era uma uva,
Continua, mas agora é passa,
Nem com cremes e luvas,
Suas rugas, não disfarça.

Cabelos negros não mais são,
Ora são brancos como a cal,
As curvas do corpo estão mal
Mais parecem massa de pão !

Aqueles olhos seus,
Coitadinhos, como os meus,
Usam óculos graduados
E o brilho ficou embaçado !

A sua pele aveludada,
Assim como numa trombada
Ficou toda enrugada.
E o andar, como o da impala
É feio e só com bengala !

Que bom, vê-la pelada,
Mais na época passada,
Hoje este corpo horrendo...
Quando vejo, saio correndo !

É... Minha querida véia,
A vida é mesmo assim,
A gente era tetéia ,
Mas nela tudo tem...
Nesse nosso vai-e-vem,
Começo, meio e fim !

Porém, não esquente, meu bem,
Sei que você ainda me ama,
E nunca de nada reclama
Por isso, a amo também !

Um brado carente - Reinaldo Ribeiro


Eu te permito maquear o rosto, mas não perdoaria máscaras interiores;
Te dou compridas asas, desde que meu céu seja teu paraíso;
Oferto meus sonhos como palcos, se neles não encenares horrores;
Me torno pleno aos teus anseios, se não me negares o que preciso!

Eu tomo posse de tuas dores, se não ferires meu coração;
Se respeitares meus temores, expulsarei os teus;
Por teus caminhos lançarei flores, se me tomares pela mão;
Farei eternos teus sorrisos, se nunca me disseres adeus!

Eu sou teu defensor, se fores o meu ninho;
Eu despedaço teus inimigos, se te tornares meu refúgio;
Oferto mundos e universos, em troca de teu carinho;
Que me sejas a capela escondida, a proteção para onde fujo!

Meu coração esparramado, por teus abraços e tua lealdade;
A força de meus braços, pela atenção às minhas carências;
Meu sangue e minha vida, por teu amor de verdade;
Cheguem aos meus ouvidos teus afagos, jamais a tua desistência!!


Reinaldo Ribeiro
Publicado no Recanto das Letras em 16/05/2008
Código do texto: T992139


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Medo - Tony Bellotto e Arnaldo Antunes



Precisa perder o medo do sexo
Precisa perder o medo da morte
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música

O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da ciência

Precisa perder o medo da perda
Da consciência
O que se vê não se via
O que se crê não se cria

Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música

O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Medo medo medo medo
O que se crê não se cria

Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música

Medo medo medo medo
O que se crê não se cria

Metade - Oswaldo Montenegro



Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca;
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.


Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza;
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante;
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor;
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui;
a outra metade não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer;
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor;
e a outra metade também.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Sextilha do elogio - Henrique Pereira

Garota do sorriso singelo

do corpo mais que belo

e de voz encantadora. . .

Sinceramente não conto até dez

somente pra dizer que tu és-

uma musa inspiradora !. . .

CARTA ABERTA À DONA DO POETA (Essa o meu poeta Reinaldo Ribeiro fez para a sua musa. Ai que inveja! rsrs)

Por entre aplausos e assédios, o teu poeta nunca te perdeu de vista;
E em seus haréns platônicos, nenhuma diva é comparada a ti;
Ele acalanta seus devaneios, mas de seus anseios, profundamente dista;
Nas entrelinhas sempre te evoca, pra não te ver partir!

O teu poeta sabe mensurar até aonde pode ir;
Ele projeta luares nos corações, mas é no teu que amanhece;
Noutros ele fala de paixão, mas no teu a faz sentir;
Àqueles ele guarda com carinho, mas deste ele jamais esquece!

Ele discerne humildemente, que são névoas aquelas fascinações;
Que as luzes desse espetáculo, logo se apagarão no escuro teatro vazio;
Por isso calcula teu poeta seus passos, e não substima as intenções;
Aquelas ovações lhe são gotas, mas teu amor é rio!

Que o teu perdão viva a santificar, seus surreais percalços;
E no teu cólo, ele encontre afeto genuíno e com despretensão;
O teu poeta, por teus beijos, cruzaria o mundo a pés descalços;
Àlgumas fomentou fugazes prazeres, mas a ti legou o próprio coração!

Então solte as amarras do querer e detenhas o ciúme injustificado;
Quando assaltado o teu fervor, faça com que repense;
Porque o teu poeta, nem pra si mesmo se tem dado;
Vive emprestado aos sonhos femininos, mas em verdade, é a ti que pertence!!


Reinaldo Ribeiro
Publicado no Recanto das Letras em 15/05/2008
Código do texto: T990583


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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Meu duelo com a polêmica - Reinaldo Ribeiro - (O poeta!)

O medo do controvertido é a mordaça dos covardes;
Porque o muro é a eterna morada, dos seres manobrados;
Ávidos pelo inútil, glutões de futilidades, anoréxicos de personalidade;
Fileiras de milhões, onde me orgulho em dizer, jamais serei achado!

A minha pena é tala rígida a fustigar o comodismo;
Pois o meu sono vem da certeza, que meus telhados suportam pedras;
Falo do que penso, convicto e consequente, sem falso moralismo;
Suporto os tombos que precisar, mas afirmo que sou homem erguido e não de quedas!

Eu sou o arauto do direito à vida, e acredito no olhar da fé;
Por isso não advogo o desespero, que não aguarda pelo abrir da porta;
Há muitas facilidades para o prazer, mas é rara a heroína mulher;
Mulher que sofre, que bebe o cálice de seu drama, mas não aborta!

No mundo em que vivemos, conceito relativo é a sobrevivência;
Ricos em evidência, pobres esquecidos na crise da injusta sorte;
Por isso desconfio de leis, que em nome da ordem pedem licença;
Posto que só os excluídos, seriam alcançados pela pena de morte!

Já brincamos de bola, puxamos carrinhos e cantamos cirandas;
Agora a ciência nos propõe, que lhe permitamos o brincar de Deus;
Façamos órgãos humanos, determinemos sexo e aparência de crianças;
Células tronco são artifícios, para novos lucros e que da ética se diga adeus!

Eu não temo a perversão, que se esconde no discurso do ativismo;
O antinaturalismo evoca um hedonismo, que algo bom jamais ensina;
Respeito meus semelhantes, mas não endosso o homossexualismo;
Compreendo o ideal do feminismo, mas ainda prefiro a mulher feminina!

Na lei de meus valores, todas as drogas se encerram na ilicitude;
Odeio a nicotina e nunca serei visto na apologia aos derivados da embriaguez;
De todos os vícios, tenho o consumismo como o que mais ilude;
De todos os delírios, aderir a modismos, julgo a maior insensatez!

Assim vou eu, debaixo de poucas flores e muitas pedradas;
Andar com a maioria, definitivamente nunca será a minha vocação;
Me sinto feliz, mesmo com poucos companheiros de estrada;
Sou bem acompanhado, pela minha consciência, nessa filosófica solidão!!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

domingo, 11 de maio de 2008

Um minuto pra falar de mim... (Maria Souza... euzinha!!!!)


VIDA MINHA;


Já ganhei beijos e abraços
Tive sonhos e pesadelos.
Vivi pequenas ilusões
E grandes decepções.

Fui adulta quando criança
E hoje adulta, me renovo a cada dia...

Tive duas mães:
De uma já sou órfã;
De outra sou distante...
De meu pai tenho saudades
De irmãos tenho fartura.

De sobrinhos tenho orgulho
Em quantidade e qualidade...
De amores ganhei flores
E carreguei algumas dores...

De amigos não me queixo.
E deles espero apenas que sejam felizes.
De filhos não sei falar,
Por não tê-los para amar.

De poesias faço meu presente
Do passado, nostalgia...
Meu futuro já é certo
E será cheio de alegrias

Pois na Terra ou em Marte,
Alegria sempre rima com Maria...

Maria Souza
http://www.mariasza.blogspot.com/

É preciso não esquecer nada - Cecília Meireles

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhoss
everos conosco, pois o resto não nos pertence.

O minuto depois - Carlos Drumond de Andrade

Nudez, último véu da alma
que ainda assim prossegue absconsa.
A linguagem fértil do corpo
não a detecta nem decifra.
Mais além da pele, dos músculos,
dos nervos, do sangue, dos ossos,
recusa o íntimo contato,
o casamento floral, o abraço
divinizante da matéria
inebriada para sempre
pela sublime conjunção,
Ai de nós, mendigos famintos:
Pressentimos só as migalhas
desse banquete além das nuvens
contingentes de nossa carne.
E por isso a volúpia é triste
um minuto depois do êxtase.

Poetas - Florbela Espanca

Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguémT
enho alma pra sentir
A dos poetas também!

Vaidade - Florbela Espanca

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...E não sou nada!...

sábado, 10 de maio de 2008

Contudo - Álvaro de Campos

Contudo, contudo,
Também houve gládios e flâmulas de cores
Na Primavera do que sonhei de mim.
Também a esperança
Orvalhou os campos da minha visão involuntária,
Também tive quem também me sorrisse.
Hoje estou como se esse tivesse sido outro.
Quem fui não me lembra senão como uma história apensa.
Quem serei não me interessa, como o futuro do mundo.

Caí pela escada abaixo subitamente,
E até o som de cair era a gargalhada da queda.
Cada degrau era a testemunha importuna e dura
Do ridículo que fiz de mim.

Pobre do que perdeu o lugar oferecido por não ter casaco limpo com que aparecesse,
Mas pobre também do que, sendo rico e nobre,
Perdeu o lugar do amor por não ter casaco bom dentro do desejo.
Sou imparcial como a neve.
Nunca preferi o pobre ao rico,
Como, em mim, nunca preferi nada a nada.

Vi sempre o mundo independentemente de mim.
Por trás disso estavam as minhas sensações vivíssimas,
Mas isso era outro mundo.
Contudo a minha mágoa nunca me fez ver negro o que era cor de laranja.
Acima de tudo o mundo externo!
Eu que me agüente comigo e com os comigos de mim.

Parabéns 'a minha loucura - Reinaldo Ribeiro

Quando o azul do céu lembrar de mim;
Eu sei que me dirão adeus as nuvens carregadas;
Será como um princípio nascido no fim;
Será um novo destino, que acharei nas mesmas estradas!

Nem mesmo terei a necessidade de nascer de novo;
Sequer será preciso imolar o meu sacrifício;
Eu vou respirar nas correntes de ar desse sopro;
Eu vou encontrar a terrível dor, que me dará imenso alívio!

Meus gritos serão abafados por minhas gargalhadas;
Minha nova escrita ficará nas marcas que a borracha deixar;
Minhas mentiras falarão, quando por suas verdades forem atadas;
Eu verei um homem feliz, quando meus olhos pararem de me olhar!

Eu vou esticar as mãos e me tirar desse poço profundo;
Vou amar o meu conflito interior, antes que da paz eu venha desistir;
Um dia minha loucura há de ser mais viável que esse presente mundo;
No dia em que minha alegria puder chorar, o meu sofrimento irá sorrir!!

Cada dia sem gozo não foi teu - Ricardo reis

Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.

Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.

Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!

Pecado Original - Álvaro de campos

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade.

O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.

Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.

Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?

Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.

Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?

Quantos Césares fui!

Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!

Eu, segundo eu - Reinaldo Ribeiro

Eu sou chamado de mistério, mas na realidade sequer sou visto;
As minhas sombras, ganham todos os prêmios da minha luz;
Sou condecorado com honras de covarde, tão somente porque resisto;
Sou saqueado pela injustiça, porque a hipocrisia não me induz!

A falsidade vive a me beijar, e se ilude com minha aparente inércia;
Ela ignora que dialogo habilmente, com todas as suas faces;
Seu mar venenoso, sonha manter minha virtude submersa;
Por não suportar minha fala, imputa-lhe o rol dos disfarces!

Eu sou um mundo desabitado, porque me sinto espécime singular;
Já extenuei minha esperança, com meus discursos sem tribuna;
Na Arca de Noé eu não entraria, pois sou gênero sem par;
Penso ser leito de rio, inundado por águas de laguna!

E assim vou eu, soldado solitário, nessa guerra por todos;
Alcatéia de uivos em monólogos, matilha sem latido;
Arquipélago incompreendido, de mares antagônicos envoltos;
Com fama de franco atirador, mas na verdade, um combatente ferido!

Nota de Maria Souza:

Ele ainda não havia me encontrado quando escreveu esse texto e só por isso acreditava não poder entrar na Arca de Noé. Agora ele já sabe que pode, mas a arca não existe mais!! rsrsrs

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Quem é a minha musa? (Reinaldo Ribeiro)

Ela flutua pelos ares e adorna os jardins suspensos do amor, na cor de suas asas;
Tem o beijo do sol poente nas águas oceânicas, estampado na vitrine de seu olhar;
Sua alma menina é lindamente carente, seus braços felinos são pura brasa;
Ela é mais forte que as avalanches, mas tórrida que as lavas, quando propõe-se a amar!
Ela é corpo poético, e poesia são os frutos de sua meiga imaginação;
Agrega em si todos os sonhos, que o mais sedento dos homens almejaria realizar;
Uma mistura divina da fragilidade feminina, com o poder devastador de um tufão;
Canção perfeita de notas apaixonantes, nos beijos dela é possível dedilhar!
A minha musa administra os meus excessos que se expressam em poesia;
Por ela eu digo mares, sentindo em pingos o deslumbre que me foge à tradução;
Só ela detém o sol, embasbacado a lhe apreciar, só ela converte a noite em dia;
Eu sou arado árido, faminto dela, que me abastece de ternura em inundação!Enquanto os tempos fazem brotar e legam o envelhecer, nela a sedução se eterniza;
Enquanto a morte abocanha os feitos, em cada gesto ela semeia uvas no meu transe;
Porque na musa de meus dias, o que não fui fenece e me torno mais do que jamais seria;
Porque se me faltarem suas asas e seus beijos, receio que a felicidade eu jamais alcance!
Por que se dão tantas questões, de quem seria a minha musa?
Se suas curvas estão expostas no cume das fascinações e no sorriso da natureza?
A minha musa voa e flutua, para o meu amor que jamais lhe recusa;
A minha musa brilha nas alturas, e ilumina a Terra com sua rara e eclética beleza!!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Memória - Carlos Drummond de Andrade

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o ouvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

A dor do parto - Pedro De conti

Parto para longe
Da criança que nasce
Separada de mim

Rompendo o cordão
Mantenho a distância
Chorando por atenção

Já não sou a criança
Peço perdão
Por favor não chore não

terça-feira, 6 de maio de 2008

Dou não dou - Andynho

que tem teus olhos...?
que calam-me a voz...
e que secam a garganta...
que travam os meus lábios...

que tem teus olhos...?
que me pedem um beijo...
e que me bota medo...
ao que me aproximo...

que tem teus olhos...?
que queimam, torturam...
fitam e se vão...

que tem esses olhos??
que tem esses teus lindos olhos?
faca cortante... que penetra e dilacera...
punhal que perfura... e arranca a essência...

olhos que falam... e calam... e dizem...e pedem...
olhos famintos...
são falas da boca...
que pedem um beijo...
ou não!

As notas do seu corpo - Vadi Thaviny

Com as notas do seu corpo
Monto os acordes perfeitos
Em cada corda que dedilho
Uma linda melodia faz soar
Ecoando na acústica da alma
Na pauta do seu peito

Semínimas e colcheias fazem brotar
Num compasso que me perco
Com você o ritmo é quente
Não dá pra agüentar!

Nossa música é perfeita
Esse corpo que toca no meu corpo
Nos faz uma só composição
Amor ,desejo e paixão!

A morte - Valdeci Garcia

SE NADA HOUVER DEPOIS DA MORTE;
ENTÃO DEUS É UM BOBO,
CRIADOR DE BRINQUEDOS INÚTEIS.

Eu não minto - Evaldo da Veiga

Raramente minto.
E esta raridade está sempre presente quando falo de dor.
Não que eu queira gastar minha raridade,
se o bem adquire valor exatamente por ser raro.
Sim, porque não sei dizer de verdade da dor.
E quase sempre, a dor mente.
Por inocência ou teimosia, não gosto da dor.
Principalmente destas vinculadas aos desencantos do amor.
Porque não gosto?
Porque mesmo, de verdade, eu não sei.
Talvez seja porque ela está sempre onde não é convidada, e sequer desejada.
Somente por isso.
Também, tirando o somente por isso,
porque o amor, a alegria e o sorriso, não sabem conviver com a dor.
E assim, não consigo entender a dor do amor,
porque o amor só faz ser feliz.
Tristeza e abandono não são dores do amor,
porque o amor é indolor.
Sim o amor que não vingou.
Porque o amor vivo salva, enleva, eleva e esta sempre imune à dor.
Onde impera o amor, a dor fica anestesiada.
É invisível, ofuscada pelo brilho do amor.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Satisfeito - (Do meu poeta, Reinaldo Ribeiro)


Uma gota é pouco para consolidar o mar;
Um jardim não é constituído por uma mera flor;
Desertos não se formam do único grão a vagar;
Um só tempero é insuficiente à plenitude do sabor!

Uma tempestade requer muitas nuvens;
De vários sintomas se evidencia a enfermidade;
Ilumina-se uma noite, com grande número de luzes;
De muitos logradouros, edifica-se uma cidade!

A unicidade do fruto, não justifica a colheita;
Conforme o adágio, uma andorinha não arquiteta um verão;
Um minúsculo ingrediente, não pode encerrar a receita;
Uma nota musical, não complementa toda canção!

É ilógico crer no pouco que um tudo pode representar;
Nem se pode presumir, que um gesto vale mais que uma vida;
Mas um único beijo teu, satisfaz o meu paladar;
Possuindo o teu coração, de nada mais minha alma precisa!!!

sábado, 3 de maio de 2008

'As vezes loba, 'as vezes gente, 'as vezes insana. - Elen Viana

As vezes uivo, as vezes choro, as vezes grito. Nunca limito meu modo de ser. Deixo sempre transparecer ao amanhecer o que eu quero ser.... Um dia saio em busca da caça, um dia escrevo poemas, um dia naufrago em sonhos e devaneios... Uma noite uivo ao luar,uma noite choro ao teclar, uma noite rasgo meus livros e grito ao me deitar....como uma insana, como uma mulher, como uma loba...

Sou uma simples Peregrina - Elen Viana

...MEU DESEJO ERA DE SER UMA SIMPLES DONA DE CASA, COM NETOS 'A MINHA VOLTA, UM VESTIDO BEM RODADO E UM AVENTAL CHEIRANDO A OVO. PORÉM COMO NEM TUDO É PERFEITO, NASCI COM O JUGO DE ESCREVER, DE VIVER CADA PERSONAGEM E NÃO FINCAR ESTACAS EM NENHUM TERRITÓRIO... ALIÁS VIVO A PEREGRINAR E A AMAR CADA LUGAR, CADA SER, SEMPRE DEIXANDO TRANSPARECER O MEU DESEJO DE VIVER E ESCREVER MEUS SONHOS, MINHAS FANTASIAS, TRANSFORMANDO-AS EM LINDAS POESIAS...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

1 de Maio - Brownsugar

Dia do trabalhador !
Comemorações, shows, sorteios, enfim tudo organizado para agradar seu justo merecedor.
Mais um ano de labuta, de desacertos, de injustiças, de poucas alegrias, mas principalmente, de engolir sapos.
Um amigo dizia que no nosso Brasil, o cara tem de ter dois estômagos, um para digerir os alimentos e outro para digerir sapos. Tinha razão !
Agora, sapo duro de engolir, foi em homenagem que o Sr. Presidente, ao inaugurar mais uma obra, que o imortalizará, como aos faraós do Egito, faz a um pobre operário, que em discurso inflamado, o elogia, e, em dado momento, pergunta-lhe, de como o pobre patrício, consegue, com apenas um salário mínimo fazer tudo aquilo, -ao qual foi preconizado-, como pagar aluguel, estudos, alimentação, roupas, e ainda poupar, quando da sua criação à época de Getulio Vargas.
Durante o discurso, o Presidente prossegue: -Hoje, inauguro esta maravilhosa hidroelétrica, obra gigantesca ! -Mas a homenagem principal neste dia, é para este herói brasileiro, que faz de tudo para sobreviver, e com apenas, um salário mínimo !
–Filho, pergunta o Presidente ; -Como é mesmo seu nome ?
No que responde o brasileiro:
-David Copperfield , senhor !
Só sendo mágico !!!!!!!!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O encontro de dois mundos - Reinaldo Ribeiro

O Olimpo: berço dos sonhos poéticos, alvo das prosas filosóficas de alto nível, poder em relevo na mais densa tradução das ilusões improváveis de um mundo limitado. Lá não há fronteiras, lá cada habilidade dispõe de seu guardião, lá cada aspiração é respondida por uma divindade e é lá que habita a mais cobiçada das deusas!
Suas curvas perfeitas confundem a mente transcendente dos imortais, o sabor de seu beijo é único, sua pele morena queima de desejos, seus longos e negros cabelos parecem a noite estrelada a convidar para o mais despudorado dos romances.
Ela é a gulhotina da solidão, é a festa do sorriso, é a sedução singela, é o desejo incontrolável - ela é a mais divina das deusas, a perfeição negada às demais, a tradução perfeita da mais linda poesia!
O mundo: reino das imperfeições, rol dos limites que tornam homens e mulheres um caminho infindo em si mesmo. Um lugar de encantos e belezas que se resume no potencial tosco das imaginações humanas.
É lá que os defeitos dos deuses se humanizam e acham no homem a morada completa. Mas é lá também que habita um dito mortal: homem de letras e elevado pensar, amante de um único vício, que se projeta nas curvas sedutoras do perfil feminino.
Ele era um mundo no mundo, a contra-mão de sua sociedade, a oposição dos seus, o desafeiçoado e ignorado brilhantismo de sua própria solidão.
Ele era seu próprio, triste e incompleto poema!
Movida por seu afã de novas descobertas, ela desceu ao mundo e abdicou por alguns instantes de sua mágica condição divinal. E numa das esquinas dos sonhos virtuais...ele a viu!Não era uma mulher...não era um ser...não era a simples beleza...nem era o encanto traduzível...era o inverbalizável, era a paixão que se desenha no incompreensível, era o desejo no grau inaudito, era o fogo indolor que não perdoa suas vítimas e cujas labaredas incendeiam todo o ser.
E como não poderia deixar de ser...ele a quis!
Contradizendo as regras do Olimpo, ela estendeu o manto de seu coração para enlaçar seu fascinado amante, quebrando os paradigmas da lógica mitológica, desfazendo as regras da ética moral, reescrevendo os tabus que limitam o prazer e se permitindo saborear o lado divino da essência humana.
E assim... amaram-se ambos!
Enebriado de paixão, ele se tornara outro homem e seus rumos a ela convergiam. Para não removê-lo de todos os eixos, ela o impôs os fins de semana como palco de seus encontros, para que o excesso não o desfizesse de seus juízos derradeiros.
E assim se deu a odisséia do Olimpo e do Mundo...realidades opostas, dimensões antagônicas, palcos diferentes que serviram para um mesmo espetáculo de paixão e desejo a toda prova.Como labaredas em relva seca, essa paixão progrediu e alcançou níveis impensados. Gerou os ciúmes dos deuses, gerou a perplexidade dos humanos, gerou o medo do amanhã e gerou a masmorra invisível do hoje.
Mas essa história se escreve de início sem a pretensão do fim....ela implora por expressões de fé que a tornem plausível a uma realidade que impõe limites.
Até onde suportará a deusa, as fronteiras de um parceiro humano?
Até quando lhe cederá a exclusividade de seus encantos?
Até quando suportará não o ter na intensidade de seu querer?
Até quando impedirá que sua partícula humana supere sua divina temperança?
E ele? Até quando mentirá a si mesmo acerca da verdade que o suplanta?
Até quando manterá a tradição da liberdade, quando se quer a ela preso?Até quando conciliará seus dois universos, se a ambos ela domina?
Até quando negará os ciúmes que tipificam sua natureza humana?
Seja como for e seja o que for, é assim que o mitológico se eterniza. Pois é na ficção do amor que a única essência real desse mundo se evidencia, onde mentiras e verdades servem a um mesmo deus: o coração!