sábado, 19 de julho de 2008

UM POETA DIFERENTE - REINALDO RIBEIRO

Sei que não é fácil ser poeta que abdica, das envaidecedoras admirações;
Que rejeita o chá aristocrático e burguês, do colegiado dos imortais;
Suster estilo próprio, e ser indiferente aos impostos padrões;
Emprestar a própria letra, para fustigar os opressores e maiorais!


Não me seduz a pompa dos confetes, nem a ovação das cênicas odisséias;
Eu decidi que a minha poesia, não se ouvirá pelos coretos exibicionistas;
Porque não me orgulharia, vê-la reduzida à audiência das telenovelas;
Simplesmente porque não sou poeta de produção mercantilista!


É evidente que sou extremamente grato a todas as pétalas nos meus encalços;
Mas eu prefiro a platéia que se forma no isolamento de minhas próprias inquietudes;
É sob a sombra de minha solidão, que recebo meus preferíveis aplausos;
Não tenho alma de insetos, que tudo fazem pra viver em torno das luzes!


Eu sou poeta nascido num chão desprezado, e não me negarei;
Assentado ao solo ressequido, declamando a exclusão que desde cedo conheci;
Se a fama me achar ou se me abraçar o anonimato, o fato é que às elites nunca servirei;
Já sou afortunado, tendo achado quem gostasse, dessas simplicidades que já escrevi!!

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