terça-feira, 6 de maio de 2008

Eu não minto - Evaldo da Veiga

Raramente minto.
E esta raridade está sempre presente quando falo de dor.
Não que eu queira gastar minha raridade,
se o bem adquire valor exatamente por ser raro.
Sim, porque não sei dizer de verdade da dor.
E quase sempre, a dor mente.
Por inocência ou teimosia, não gosto da dor.
Principalmente destas vinculadas aos desencantos do amor.
Porque não gosto?
Porque mesmo, de verdade, eu não sei.
Talvez seja porque ela está sempre onde não é convidada, e sequer desejada.
Somente por isso.
Também, tirando o somente por isso,
porque o amor, a alegria e o sorriso, não sabem conviver com a dor.
E assim, não consigo entender a dor do amor,
porque o amor só faz ser feliz.
Tristeza e abandono não são dores do amor,
porque o amor é indolor.
Sim o amor que não vingou.
Porque o amor vivo salva, enleva, eleva e esta sempre imune à dor.
Onde impera o amor, a dor fica anestesiada.
É invisível, ofuscada pelo brilho do amor.

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