sábado, 23 de fevereiro de 2008
Talvez nos falte (Carol Timm)
Talvez o que nos falte simplesmente
Seja apenas abrir a caixa de sapatos
Tirar a roupa abafada nos dias quentes
Agasalhar-se da tristeza com afagos suaves
Talvez nos falte uma brisa no final da tarde
No rosto, como quando andamos de bicicleta
Andar com os pés pela areia até alcançar o mar
Olhar o céu e achar formas escondidas nas nuvens
Talvez nos falte o beijo após o dia, ao acordar, saindo ou
Chegando inesperadamente de algum lugar com saudades
A tolerância com os pequenos tão livres e soltos como fomos
E queríamos voltar a ser pelo resto de nossas vidas breves
Talvez nos falte conquistar a vida com tamanha vontade
Que o caminhar seja especial em todas as horas do dia
Fazendo poesia da falta de poesia, caminhando na rua
Pelo simples prazer de se poder ir e vir de algum lugar
Talvez nos falte aproveitar o que temos e esquecemos
Ao pensar no que queremos e morremos para alcançar
Ao meu lado há tanta gente e muitos vivendo em solidão
Penso nisso e me surpreendo como isso pode acontecer
Talvez nos falte a percepção de que não nos falta nada
De que tudo é tão perfeito assim como é, temos o sonho
E ele nos move não para nos saciar, mas pelo movimento
Caminhar é apreciar tudo a nossa volta e a própria estrada
Talvez nos falte a respiração profunda que faz sentir o corpo
O tato para perceber que custa tão pouco o abraço, um carinho
Talvez nos falte abrir verdadeiramente o coração para o amor
E mesmo assim, ao menor descuido, o amor entra e tudo sobra...
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