quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Bom, ruim. Assim, assim... (Pedro Bial)
Quer saber de uma coisa? Tudo pode ser bom, ruim e
principalmente assim assim
Tudo ao mesmo tempo ou não, e não necessariamente
nessa ordem
Bom é chegar na praia à tardinha, anuncio de por de
Sol, a água de ondas mansinhas
Jogar bola na espuma e sob o céu encaixa como se fora
Tafaréu.
É bom também quando começa a chover
E as gotas fazem cócegas na superfície do mar
Como se um cardume infinito prometesse matar a fome
De todo o Vidigal, Rocinha, Cidade de Deus e Vigário
Geral.
Ruim é lembrar daquele amigo que de prancha na mão
Morreu de um beijo roubado de um raio, da lembrança a
correria,
O medo... o medo... medo é bom, ruim é o medo de ter
medo!
Bom voltar trocar chuva por chopp e passar atrás da
pelada
A bola vai pra fora e como na crônica de Rubem Braga
sobra pra você
Que mata no peito faz embaixadinha e devolve
redondo... num chute perfeito
Ruim é a fisgada na coxa sair mancando
disfarçadamente...
A vergonha de ta decadente não é ruim, ruim é o
orgulho que se nega a reconhecer a decadência.
É bom a cidade estranha em que você nunca esteve e
sabe que nunca mais vai voltar
E nesse lugar você tem uma obrigação sem graça que
cumpre com estilo e precisão
Traçando um dia perfeito no arco do tempo
Quando cai a noite é bom tomar um banho e sob o
chuveiro é bom sentir saudade,
Ruim é não ter saudade, e como é bom sair sem direção
pelas ruas da cidade
Pensando no que você fez da sua vida e no que a vida
fez em você
Bom é sonhar, realizar não é tão bom, mas ruim mesmo é
não realizar
O fim de um grande amor é muito, muito ruim, um grande
amor não tem fim!
Bom é amar, ruim é amar... Bom é encarar a vida com
fantasia.
Quando um poeta desaparece é bom colocar chapéu de
Bogar que tudo pode solucionar...
Ruim é encontrar o precipício, morrer não deve ser tão
ruim assim...
E pode ser bom falar sobre bom e ruim, e pode ser pior
assim, assim ... bom!!!!!
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