sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Dedicatória (Davi Cartes)


Quis um dia ver o mundo
Como o vê Tio Edmundo
Seu viver em submundo
Sob olhar triste, profundo
E um pavor tão descabido
De chegar o fim do mundo

Quis um dia ver o mundo
Como o vê tio Edmundo
Seu andar desacertado
Seu arfar descompassado
Seu gritar esganiçado
Por nascer meio corcunda

Quis um dia ver o mundo
Como o vê tio Edmundo
Eis Quasímodo, quão gentil!
De apaixonar-se tão febril
Por um par de olhinhos azul anil
Da floricultura mais sortida
Ali da Praça 21 de Abril
E não adianta negar, viu tio??

Quis um dia ver o mundo
Como o vê tio Edmundo
Jogo do time preferido
Não perder um só segundo
Frango ensopado com batata
“ Hummm! Tem que servir pra todo mundo”
Eh! Sujeito “boa praça”!!
Oh! Arzinho moribundo!!

Quis um dia ver o mundo
Como o vê tio Edmundo
E sempre dizer para os mais jovens
Estuda meu guri, vai ler um livro, estuda!!
Não te torne um vagabundo!!!

Eu quisera ver o mundo
Como via, tio Edmundo
Seu viver em submundo
Sob olhar doce, profundo
Pena chegar tão prematuro
Seu temido fim do mundo.

Pena saber, que a vida não ensina
O que só se aprendia, na vastidão
Do seu rico submundo.

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